segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

“Então falei para mim mesmo”



“Então falei para mim mesmo”



Um dia destes eu acordei, botei o pé direito no chão, firmei e então falei para mim mesmo:
- Vou lutar por alguns ideais: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Foi então que botei o pé esquerdo no chão. Daí pensei na Revolução Francesa e em todo o mundo que foi modificado, criado e recriado com as lutas desses ideais. Então falei para mim mesmo:
- Não quero ser burguês!

Levantei e fui escrever no primeiro papel que encontrasse com o primeiro objeto capaz de grafar ou fazer escrever nesse papel... escreveria com o que primeiro visse pela frente. Expressaria esse pensamento confuso e contraditório, histórico e atemporal.

Foi então que pensei em escrever uma poesia (talvez para ocupar a cabeça com outro assunto... ou seria uma tentativa falsária e já previamente sabida de na verdade desocupar a cabeça).

Comecei a falar sobre amor, sobre ilusão e frustração, idealização, um sonho e seu fim, morte do eu – poético (ou morte real, com túmulo posteriormente, ou morte psicológica, com a mudança comportamental desse tal eu – poético após essa tal “morte”).

Foi então que pensei que estava sendo romancista e me categorizei como um romântico. Mas então lembrei que o Romantismo mudou, revolucionou, a literatura por ser uma adaptação de textos que antes escritos para nobres agora seriam escritos para burgueses. Então falei para mim mesmo:
- Não quero ser burguês!

Já não sabia quem estava mais frustrado... se era eu com a burguesia (e no que ela se tornou hoje), ou se era o eu – poético com a vontade de ter algo eterno, vivendo intensamente, e pensando que poderia já haver um fim (ao viver e vivenciar a idéia do “eterno enquanto dure”). Então falei para mim mesmo:
- Fodeu!

Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Amor e Paixão criaram essa hipócrita, demagoga e falsária democracia no mundo regido pelo sistema capitalista no contexto da globalização.

Fui até o armário, peguei a roupa que iria usar. A melhor bermuda (Nike) e a camiseta favorita (aquela que tem o “Che” estampado), “joguei” uma camisa xadrez por cima (mas logicamente sem abotoar), meu boné (da Van Dutch) e uma rasteirinha de couro (que comprei na feirinha hippie para economizar).

Fui no McDonald's tomar uma coca (light que era para não engordar). Fui até a biblioteca. Dei uma lida (aquela diária na Bíblia) e depois fui ler Karl Marx. Então falei para mim mesmo:
- Fodemos e foderemos!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Kra...esse texto é irreverente...caio meus pés sobre ele e vejo o chão erralmente ser tocado...
foda!!!!

Anônimo disse...

Eu disse pra mim mesma:
FODA!